terça-feira, fevereiro 27, 2007

Arromba a retina de quem vê

Que nem todo cinema serve para ser acompanhado de pipoca e coca-cola (vide Lynch abaixo), todo mundo sabe. Eis uma das melhores exposições que já vi sobre o tema: That’s not enterteinment – el cine contra el cine, no CCCB.

[Agora não me venha com sul-americanismos! É imprescindível a pronúncia de todos os Cs com a língua nos dentes, como um autêntico español. Não esqueça de fazê-lo a uma distância mínima de 50cm da tela do seu PC.]


Do início ao fim, o público experimenta a sensação de estar dentro de um cinema. Às escuras, ele tem sua toda sua atenção voltada para a grande tela, passeando pelas salas muito bem montadas em semicírculo:
Devorados por el cine,
Film Ist,
Rompiendo con el código,
El argumento es la luz,
Sin cámara,
Sin imágenes,
¡Mírame!,
Sin permiso,
Contando con su credulidad,
La estretegia del shock,
L’espectador.
São dezenas de obras. Minha lista de highlights inicia na primeira sala com a reflexão sobre a própria necessidade urbana de se isolar dentro de uma sala negra para fazer nada mais além de sentar e ver.
A seguir, as pupilas dilatam com flickers, caledoscópios, collages do Godard. O mero espectador é convidado a montar seu próprio filme ali mesmo. Sim, é possível cortar e manipular artesanalmente películas sob orientação de um monitor.
O cinema ainda é desmistificado ao se comprovar que um filme não necessita de câmeras, atores, set e nem mesmo de um roteiro. O filme de um doido genial chamado Stan Brakhage é a ilustração ideal de um processo doméstico, artesanal, quiçá orgânico. Em 1963, ele aplicou folhas, ervas e asas de inseto sobre tiras de celulóide da mesma largura de uma película de 16mm. A imagem contínua, uma vez impressa na película, é dividida aleatoriamente pelo projetor (que a classifica como fotogramas), resultando numa multiplicidade de composições fragmentadas na tela maior. Segundo o artista, uma metáfora para o esforço do homem em classificar a natureza. Outras películas que mais parecem pinturas fazem parte dessa sala, minha favorita.
O espaço dedicado a textos escritos e gravados por Debord, com vagas referências a Baudrillard e Deleuze, espreme e escancara a vulnerabilidade do espectador. O tema é explorado mais uma vez em projeções de partes de documentários fake à la Orson Welles, como, por exemplo, o da BBC (1957) sobre a suposta época de colheita das árvores de spaguetti na Itália. Hilário.
Fortes emoções são cuidadosamente reservadas para a última sala, a única com cortinas vermelhas. Ali dentro, quatro telas discutem o limite do representável. O olho da câmera é um vidro, ao contrário do nosso. Quase impossível não fazer cara feia com as seqüências de close-ups intercalados de um homem comendo, mijando e cagando. Imagens de um bezerro sendo decapitado desafiam qualquer um a comer carne na próxima refeição. Quando começou The Act of Seeing with One’s Own Eyes do mesmo Brakhage que me pareceu tao interessante anteriormente com as tais asas de borboleta, decidi que era hora de ir embora se eu quisesse mesmo comer aquele dia. Uma autópsia já era demais.

A exibição também comemora o quinto aniversário do Xcèntric, o cinema do CCCB, cuja programação é composta por filmes, digamos, vanguardistas. Sua presença escassa ou nula em circuitos de distribuição comercial faz com que cada sessão seja especial, extraordinária. Os títulos são tratados como se fossem obras de arte expostas em um museu.

O programa conseguiu ser mais perfeito ainda porque fez parte da minha aula do pós-graduação. Além de ser de graça, teve a introdução de uma hora e meia do curador. Nunca valeu tanto a pena acordar cedo num sábado.

A expo acontece até o dia 18 de março, então vai lá correndo reservar um vôo pra Barcelona! A gente aproveita e mata a saudade.

Em tempo

Depois da matinê, para dormir bem e ter sonhos mimosos, Gondry.
Viva a anarquia do celofane!

... e o Gael Garcia Bernal, é claro.

Hoje é dia de Cinema (com maiúscula)

Segunda-feira, dia do espectador em Barcelona. Todos os cinemas com desconto. Você acorda enjoado com as estatuetas do Oscar ainda entaladas na garganta. Mesmice, mesmice, mesmice.
Nem pisque! Gaste os 4 euros e 50 centavos para pegar a matinê do último do David Lynch.
Frite seus miolos. Se faça Alice e caia nos rabbit holes. Se afogue no mar de identidades e mundos. Já aviso, tome um antiácido antes.
É quase tântrico: dura três horas.
Goze!
Depois me conte se foi tao bom pra você quanto pra mim.

terça-feira, fevereiro 20, 2007

Álbum de férias

A praia
*




O par


*


O evento

*

O cao
*

A refeiçao

*

A família

*
A galera

*
A última

segunda-feira, fevereiro 19, 2007

The Fallen



É isso, entao. Retomei. Sem pretensao nenhuma, porque eu descobri há meia hora que estou numa fase muito foda. Ou sempre estive.
Meu ego foi fuzilado ao abrir a porta do porao. Rolei escada abaixo. Foi um tombo e tanto. Emaranhado de pernas, cabeças e maos.

[Foi muito engraçado, eu sei! Eu ouvi um monte de gente rindo! Era de mim?]

Eles riram por anos... Teve várias horas que eu também me achei patética conforme o ângulo. Ganhei hematomas em várias partes do corpo, até nas poucas partes que eu gosto. Daí nao tinha mais graça.
Continuo andando como se nada tivesse acontecido.
Cara-de-pau!


sábado, fevereiro 17, 2007

Manzanas cuadradas del Gótic

Corpos pendentes: serrano, fuet, xistorra, pernil del país, chorizo


Post-it es pop


Toc toc! Manu Chao? Okupas?


Una mirada pa' arriba

Sem confete nem serpentina

A cidade vazia desenha outras Barcelonas em cada quadra. Nao é verao. Enquanto alguém bebe uma caipirinha a mais lá em Florianópolis e resolve dar em cima do surfista bonitinho de camiseta amarela, a chuva cai pesada na Plaça Reial. Nao é menos bom do que o baile. É com a mais pura sinceridade que renuncio estar em meio a 340 pessoas dançando Ivete Sangalo. Tampouco me apetece passar a noite fugindo das línguas alheias, de maos bronzeadas, de cochichos fedorentos de álcool. Gracias, pero está muy guay entrar Ferran adentro, mesmo que seja de manta enrolada no pescoço. Mesmo que seja com os pés gelados. Mesmo que seja sem música. Até que a noite está quente. No pasa res.

Alguém em Sitges termina o passinho de salsa, outro bate palmas no ritmo da bateria, uma corrige o gloss sem parar de sorrir, porque eu nao duvido de que esteja muito, mas muito divertido. Na Catalunya tem também! Bloco de rua e tudo! Pensando bem, deve estar legal mesmo lá em Sitges. Eu também nao tiro o sorriso de dentro ao dar uma colherada no meu iogurte com banana e kiwi na frente do meu lap top novo. Logo eu, que sempre estava pronta para as noites de fevereiro, que bati o pé em fazer um carnaval fooooorte com as guriiiiias. Uuff. Nao valeu a pena no ano passado, pra que achar que valeria alguma coisa nesse ano? Levíssima fica a decisao de ficar em casa num sábado de carnaval. Já nao sou a mesma, que bom.

O feriado, ah, esse sim, eu quero de volta. Vou me meter na barraca e sair de lá de manha bem cedo por causa do calor. Claro que a gente nem vai se importar com o suor, mas ele vai dizer que quer aproveitar o dia, eu vou concordar, vamos levantar e cair no mar.

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