sexta-feira, setembro 07, 2007

Indignaçao ciclística

Hoje eu me estressei com o trânsito. Mas não tenho carro. Tenho bicicleta. Pois o que passa é que às vezes não dá. Tipo assim, não dá. É uma merda. Não é nem que a cidade de Barcelona não tenha um número razoável de ciclovias (veja bem, eu disse razoável, que está longe de ser suficiente ou bom), mas é que as pessoas não estão acostumadas a elas. Isto é, ninguém presta atenção na ciclovia quando está atravessando a rua ou – ainda pior! – quando estão caminhando nas calçadas centrais de grandes avenidas como a Diagonal, em que as ciclovias estão pintadas no que seria uma espécie de canteiro central, dividindo espaço lado a lado com o pedestre. NINGUÉM presta atenção. Você está lá, a 80 rpms de velocidade, e a mocinha da frente passeando na tripinha sinalizada para o ciclista. Ô beleza. Tlim tlim! Tlim tlim! Cuidadooo!
Vale. Talvez eu esteja mesmo mal acostumada com a cultura bicicleta-tem-sempre-a-preferência-no-matter-what de Amsterdã. Sim, isso é bem provável, eu admito. Lá é uma maravilha. Bicicleta vem antes de qualquer coisa. Todo mundo, com exceção dos turistas, deixa o cara da bici passar. O que, na minha opinião, além de ser absolutamente positivo para quem pedala, tem sim a sua lógica. Afinal, o ciclista está normalmente a uma velocidade consideravelmente rápida (quer dizer, geralmente BEM mais rápida que a de um pedestre), num veículo de risco, sem proteção nenhuma, com freios relativamente precários. É justo que os motoristas com seus mega-carros, monstros motorizados, tenham em conta as bicicletas enquanto meio de transporte desfavorecido e as respeitem, assim como respeitam os pedestres (well, pelo menos na Europa...). Por outro lado, a pedestre Dona Conceição com seu carrinho de compras do mercado, que anda devagar quase parando, tem que se TOCAR que, ao atravessar a via e o sinal está FECHADO para pedestres e não vem nenhum carro, ela não pode atravessar sem antes checar se tem uma bici cruzando o seu caminho a milhão. Porque é foda parar, minha senhora. É foda parar assim de repente se o sinal está aberto pra gente, sabe? Ou o Seu Antônio do armazém da esquina não pode fazer o seu descarregamento EM CIMA do espaço do pedalante. Ou ainda, realmente não é legal que a Maricota e a Aninha fiquem zanzando bem no lugar onde tem uma bicicleta e uma flecha pintados no chão.
Nas ruas onde não tem ciclovia, geralmente se anda nos corredores de táxi e ônibus, como em Londres. Em Barcelona, tem que cuidar pra não ser fechado por um minhocão de repente ou levar um buzinaço no rabo.
Parece só reclamação depois de um dia ruim, mas não é. Em Londres, por exemplo, havia muitas razoes que explicavam o fato de as pessoas não respeitarem muito a bike: trata-se de uma metrópole com pouquíssimas ciclovias, alguns ciclistas e ponto. Igualmente será quase impossível pedalar em Porto Alegre. Ok, a gente entende. São cidades que não foram feitas pra isso. Só que em Barcelona tem até bicicleta pública – são pontos de bicicleta de onde você “pega emprestado” o pequeno veículo de duas rodas, o utiliza até outro ponto e o devolve – além de várias ciclovias, pouco relevo, muitos seres pedalantes, então, porque essa cegueira de tanta gente? Somado a isso, ainda temos o mal-humor e a falta de educação absurda dos catalães. Pra piorar.
É. Bueno, ainda assim, sou fiel à minha ceci e não troco ela por nada. Não tem nada melhor do que pedalar nessa cidade.

2 comentários:

alice disse...

é fueda...
aqui no rio tem pouquíssimas ciclovias, mas o pessoal respeita a fu. eis uma cidade que, não fosse tão grande e tão cheia de avenidas cuja velocidade máxima é 90km/h, seria uma cidade de ciclistas em potencial.

Priscila Carvalho disse...

que saudades da wendy...
dava tudo pra poder andar com ela novamente...
beijocas

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