quarta-feira, maio 30, 2007

Telespectadora de mim mesma

Tenho sentido uma coisa esquisita.
Nao sou mais eu.
Quer dizer, eu sou eu, sim, mas nao Sou.
Deu pra entender?
Eu também nao entendi porra nenhuma.

Achei que fosse um sonho, um desses em que a gente se vê fazendo coisas como se fôssemos personagens de um filme. Meus sonhos sao mais pinturas do Dali do que qualquer outra coisa, por isso me assustei um pouco quando melequei meu pé num relógio derretido numa tarde de sol quando estava bem desperta. Perdi a noçao do tempo.
Me vi aqui, mas minhas pegadas denunciavam que eu já estava lá. Perdi a noçao de espaço.
Ao me tocar, senti a mao afundar em contornos desconhecidos, fluídos e tenros. Perdi a noçao do meu corpo.
Estranho essa coisa de nao se reconhecer. Bem estranho. Meio assustador.

Marquei, entao, um encontro comigo mesma, de última hora. Hoje.
Desmarquei compromissos, decidida a nao me atropelar nem mais um dia.
Me disse umas verdades que eu nao queria ouvir, me passei a mao no cabelo, insisti na companhia solitária de mim até nao saber mais o que dizer e só me olhar.
Enchi o saco. Lavei o rosto e fui fazer.

4 comentários:

Anônimo disse...

te assiste um pouco e depois faz aquela crítica cinematográfica. vai te fazer bem.
a tua hora é só tua.
te amo

alice disse...

corpo sem órgãos, órgãos sem corpo.

ontem mesmo estávamos falando do imponderável o do indizível. tem vezes que a borda do corpo fica embaçada e aí o fluido que a gente tem dentro também vaza e nos confunde.

take your time. para pra olhar de vez em quando é bom e de vez em quando é dolorido. mas não esquece que as transformações mais lindas acontecem com dor.

eu tô orgulhosa de ti. não te assusta, porque essa lindinha do cabelo curtinho é tu mesma! e essa do sorriso iluminado também! aquela ali da água no olho também! essa moreninha, aquela dos excessos, também! quanta coisa cabe num espaço tão petito, né?

acho deveras fascinante isso de ser tantas.
te acho deveras fascinante.

te amo, também!

Deboríssima disse...

É a vida silenciosa das nossas palavras e fantasias.

cintilante disse...

ninguém aguenta sempre o peso de ser quem é. .
.
.

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