quarta-feira, setembro 24, 2008

Cris, eu e Barcelona



Vicky Cristina Barcelona, lá estava eu, no dia da estréia.

No dia em que Woody Allen fez a coletiva de prensa em Barcelona – acompanhado de Javier Bardem.


Um filme pouco Alleniano, quer dizer, diferente do que seria considerado aquele tradicional “filme do Woody Allen”. A começar porque ele não aparece – nem ele mesmo, nem sua voz em off, nem na pele de algum outro personagem. Bueno, talvez salpicado aqui e ali nas doses moderadas de neurose. Claro, pois um filme completamente isento de neurose e sem citar nem sequer uma vez a palavra “shrink” não seria um filme de Wody Allen e ponto. Todo mundo sabe.


O resultado surpreendeu. Fugir da fórmula Allen funcionou graças a uma obra simples, porém bem feita, uma história bem contada. Sem riscos. Perfeito para um fim de tarde de sábado. Como já era de se esperar, se cria uma imagem mitificada de Barcelona (quem dera tivéramos noites embaladas a solos de guitarra espanhola em qualquer bar). Mas essa imagem combina com a do artista Juan António, interpretado por nosso amigo Javi. Homens: vocês todos vão querer ser ele. E não é à toa. Mulheres, well... Vocês vão querer estar com ele.

Scarlett e Penélope estão ótimas. Na tela, doses cavalares de gente sexy, sem ser forçado. Tá aí uma coisa que gostei bastante. O sex appeal (talvez exacerbado algumas poucas vezes só no jeito de Javier) é todo muito natural. Flui. As mulheres parecem mulheres de verdade, e não semi-deusas intocáveis hollywoodianas.


Aliás, me identifiquei MUITO com a Cristina de Scarlet.


Apaixonada por arte, ela tem uma vontade de se expressar muy explosiva, mas não se vê talentosa o suficiente para fazê-lo. Ama música, mas não sabe tocar nenhum instrumento. Adora pintura, mas não pinta. Quiçá como alternativa ela escreve, se engaja na fotografia e se aventura pelo universo audiovisual, atuando inclusive uma vez como atriz (pois é, até isso eu já fiz). Fica saltitando de uma coisa a outra e não se decide por nenhuma de verdade. Quer fazer tudo. Tem sede de tudo.

Essa inquietude também permeia o resto da sua vida: ela só sabe o que não quer. Se está bem, estabilizada demais em algo, enjoa. Começa a se mexer, parecendo alguém que está em uma posição desconfortável.


Parêntesis para insight:

(Pelo menos venci essa minha inquietude no campo afetivo-amoroso. Tive minha fase, descrita neste blog em 2007, mas percebi que encontrei alguém que nunca vai me entediar. Agora de resto... continuo sentindo a sensação com freqüência. Sou uma pessoa que se entedia facilmente com rotinas, empregos, cidades, atividades e até pessoas. Eis minha paixão por viagens. Me acho aventureira.)


No filme, a vêem como uma neurótica auto-destrutiva que não sabe ser feliz. Hum.

I guess I’m gonna have to discuss that with my shrink.

4 comentários:

Anônimo disse...

eu tô louca pra ver, mesmo tendo me decepcionado com o previsível Sonho de Cassandra. Há em Woody algo que me faz querer vê-lo, defendê-lo e criticá-lo.
fico feliz em saber que este último não é tão característico dele.

muá!

alice disse...

Pucas!
hehehe muito boa. Vai estrear aqui no Rio também.
Touché! Aprendi que perêntesis é com "i" e não com "e".
Tu é mestra.

beijoca.

Tina disse...

Same here!
Que medo.

alice disse...

sim, mas observe que quem acha isso dela são os bundões americanos, de quem Allen adora debochar.

querida, sou mais tu. e a cristina.
AMEI o filme.

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